GRITARIA, UMA NECESSIDADE
??: Todos nós precisamos desabafar. Alguns adultos gritam
com os filhos, outros praticam esportes e outros simplesmente cantam
sob o chuveiro. Seja alegria ou entusiasmo, ira ou tristeza, a emoção
forte precisa de expressão ou saída. Nada há como a música, especialmente
a música, cantada, para facilitar a expressão de emoções que surgem
na vida de todos nós.
Ao nos
referimos à pratica do esporte, surge a
pergunta: " E os gritos e berros que os
meninos emitem quando jogam bola ou apenas
assistem como torcedores, tais abusos não lhes
afetam a voz de cantar ? ".
Afetam,
sim, de uma maneira triste e permanente. Sem
dúvida a criança que cresce sem tomar parte em
jogos coletivos está cometendo um mal
irreparável. Mas a criança que sempre sai do
jogo muito rouca ou sem voz está fazendo também
o mal que lhe trará prejuízo no futuro.
Entusiasmo é uma coisa; o grito selvagem,
contínuo e sem freio, mostra apenas falta de
orientação e bom equilíbrio em outros setores
da vida.
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A
EXTENSÃO: As canções que, muitas
vezes, encontramos arranjadas especialmente para
vozes juvenis, são especiais no sentido da sua
extensão muito limitada. Insiste-se em que a
criança em geral não deve, cantar além de um
pequeno raio de tons, constituído de mais ou
menos uma oitava - " dó " a " dó
". A razão apresentada é que fora desta
pequena extenssão a criança força a voz. Já se provou que irrefutável
certeza que qualquer criança normal de mais de
04 anos de idade deve poder executar canções
que abrangem os tons entre "sí" e
"fá". Não somente pode, mas deve por
em função todos estes tons, para benefício da
voz da criança e desenvolvimento das faculdades
artísticos e socias, isto para meninas e meninos
indistintamente.
È justamente dentro dos tons mais
agudos que se encontra o setor mais lindo da voz
infantil. Contudo se tentar estender a voz
infantil até os tons acima indicados, sem seguir
o caminho preparatório correto e necessário,
há de sofrer dor física e grandes embaraços.
Foi isso que levou os mestres do passado a
limitar a extensão útil da voz da criança.
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A
VOZ FANHOSA: Consideremos alguns dos
fotores que podem causar a " VOZ RACHADA
" de algumas crianças.
Subnutrição. A
deficiência na alimentação sempre
contribui, pelo enfraquecimento geral do
organismo, para a diminuição da
resistência vocal. E indispensável para
a saúde e crescimento da criança uma
alimentação equilibrada, rica em
verduras frescas, frutas e cereais e
leite.
Os gritos.
São os motivos que mais prejudicam a voz
da criança.
A voz dos pais. Se
a mãe tem voz fanhosa e desagradável,
sua filhinha, desde os primeiros aninhos
provavelmente terá voz bem semelhante.
Às vezes famílias inteiras terão a
mesma qualidade vocal. A criança imita
inconscientemente a voz que ouve.
Lembre que a voz natural da criança
não é aquela que geralmente ouvimos - a voz
gritada e rouca. A sua voz natural é uma que se
pode comparar ao falsete da voz feminina adulta:
uma voz emitida com inteira facilidade, sem a
necessidade de torcer o pescoço, esticar as
veias, fazer caretas e sentir aflição nos
agudos. A voz correta da criança é aquela
fácil e leve que sai através da garganta e
boca, sem a criança sentí-la
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CERTO É O MAIS FÁCIL
: Todos já notaram, numa ocasião ou noutra, uma menina (ou menino)
que, cantando enquanto brincava, sozinha e completamente distraída,
produzia uma vozinha leve, fina e aparentemente sem esforço algum.
Provavelmente essa voz foi mais ou menos correta, pois estava livre
do constrangimento e força causados pelo desejo de agradar ao adulto
ou competir com os seus colegas.
É surpreendente o quanto a criança acertará o tom normal se apenas
permitida a agir livremente - se o ambiente lhe é favorável.
Pois, é afinal o que lhe
confortável e basicamente fácil. A criança, que no lar e na escola
se acha cercada de amor e serenidade, terá muito mais probabilidade
de desenvolver uma voz natural do que a criança rodeada por adultos
nervosos ou briguentos.
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A "QUEBRA DA VOZ":
Muitas pessoas, especialmente do sexo masculino,
que encontram dificuldade no cantar ou sentem-se
mal ou sem jeito quando enfrentam a necessidade
de cantar num grupo de amigos, podem culpar o
período de puberdade pelos complexos que sofrem.
Todos têm ouvido uma "quebra"
involuntária na fala ou no canto dum rapaz de
12,13,ou 14 anos, e depois presenciado o
embaraço provocado por essa perda de controle.
Sabemos que a voz, durante o período da
puberdade, sofre uma mudança. E quando aparecem
os sinais da quebra de voz dum menino, os colegas
acham graça, os irmãos (e, às vezes os pais e
avós!) riem dele, e o pobre rapaz se desdobra a
fim de aparentar o indiferente! Assim, dentro
dele está-se criando um verdadeiro pavor que
mais tarde lhe tirará o prazer e anulará a sua
capacidade natural, roubando-lhe,
consequentemente, um meio de expressão sadia e
necessária. |
O
STRESS NA VOZ: Na verdade o que acontece
é que, geralmente, o menino faz questão, bem
cedo, de falar mais grosso (embora a voz dele
ainda seja clinicamente idêntica à voz da
menina). Desta forma ele cria um endurecimento
dos músculos e tendões relativos à voz. O
menino ou rapaz se queixa de ter algo na
garganta, e de fato ele tem: carne e músculo
endurecidos e inchados que podem conduzi-lo
direitinho à destruição da voz. Este estado de
tensão e endurecimento crescente continuará na
caixa vocálica e arredores través dos anos
críticos do desenvolvimento púbere e um dia,
quando os tecidos não suportarem mais, cederão,
e as pregas, junto com o maravilhoso jogo de
músculos que deveriam controlar a voz, se
encontrarão num estado de colapso. |
Nas idades de 11, 12, e 13
o corpo inteiro crescendo e amadurecendo, lenta
mas inexoravelmente. As cavidades do corpo todo
estão aumentando(inclusive aquelas que darão
maior ressonância e profundidade a voz adulta) e
os músculos estão crescendo e tomando nova
força (como também os músculos que controlam a
modulação da voz). Mas tal crescimento é
sempre moroso e se estende por um período de
vários anos. Durante esses anos as pequeninas
pregas vocais estão-se desenvolvendo. Contudo, a
transformação do instrumento vocal,
naturalmente, segue um passo semelhante aos
outros órgãos no seu crescimento vagaroso.
Desta forma, não se pode afirmar que a mudança
da voz do rapaz ocorre repentinamente. Contudo,
quando a quebra ocorre na voz do mocinho, dá a
impressão de que a mudança da voz infantil para
a voz de rapaz aconteceu naquele instante (de um
dia para o outro). |
Então
é a ocasião deste colapso que leva a
pensar que a mudança de voz é repentina. Será
que voz da menina, ao passar por igual idade,
sofre também alguma mudança? Em comparação
com o problema do menino, a menina pouco nota. A
voz dos futuros contraltos manifesta certo
escurecimento na cor vocal (timbre) e
diminuição de facilidade nos mais agudos muitas
vezes, e por isso deve haver, no canto em coro,
divisão mais cuidadosa entre sopranos e
contraltos nesta idade.
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